Memórias póstumas de uma travesti: o debate midiático do caso Dandara e a (in)visibilidade da violência contra travestis colocada em evidência através de um post da página Quebrando o Tabu.

Raphael Rocha Fernandes

Resumo


Ao terceiro dia de março de 2017, caia nas redes digitais um vídeo de horror e tortura. Ali, no registro audiovisual, a execução da travesti Dandara era performada. Tal sinistro trouxe à luz o presente artigo, que, tendo por base o estudo de caso Dandara dos Santos e o fator transfóbico impregnado no DNA brasileiro, procurou observar, de maneira caracteristicamente descritiva, com uma abordagem predominantemente qualitativa, a visibilidade/invisibilidade midiática das travestis no contexto digital. Para tanto, debruçou-se primeiramente sobre um respaldo teórico-científico que abarcasse temas basilares para o construtivo da pesquisa. Posteriormente, foi possível realizar uma análise, buscando alcançar os objetivos que vigoram este artigo, através de um post, na rede social Facebook, da página Quebrando o Tabu, sobre o assassinato de Dandara. Desta forma, através da amostragem dos comentários do post, foi possível traçar um parâmetro da consciência coletiva em relação à transfobia, destacando como ainda as travestis são ignoradas e como a emergência do vídeo de Dandara é um exemplo raro de representação midiática dessa população.

Palavras-chave


Dandara; Travestilidade; Sociedade em rede; Invisibilidade; Quebrando o tabu

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